Wednesday, June 11, 2008

O beijo do Bruno

É loiro e tem cara de traquina.
O Bruno é um menino irrequieto que conheci num dia em que sentia que a vida me virava as costas e me negava o acesso à felicidade. Durante a nossa efémera existência, todos nós temos dias destes, no entanto, aquele era diferente.
Definitivamente diferente!
Sentia-me no limite de mim própria, no limiar entre a sanidade e a loucura… E foi dentro deste espírito que o Bruno alcançou o meu interior.
Aquele ser minúsculo, mas incansável, parecia conter em si toda a vida do mundo e não houve um só momento em que não desse asas à sua imaginação e libertasse toda a energia acumulada durante as horas de repouso. Por entre traquinices e risos, de repente, um beijo na face e um sorriso no rosto… Que doçura de beijo! Que alegre sorriso!

(9-05-2008)

Wednesday, April 16, 2008

Estátua de granito

Imóvel,

Sem emoção,
Olhos fitos num infinito profundo e longínquo…
Estátua de granito.
Os sentimentos passam por ti,
Ferem-te como mil espadas cravadas no peito,
E tu não te moves nem comoves.
As linhas do teu rosto permanecem inalteráveis,
O teu corpo firme,
O teu coração oculto.
Mas, por detrás de toda a tua frieza,
Há algo que tu escondes,
Há um mundo de tormentos
Que preferes deixar na penumbra,
Há um outro ser
Que vai muito para além do que aparentas ser.
Porque não quebras a pedra que te envolve
E deixas que a vulnerabilidade da vida te atinja?

(23-09-2007)

Friday, September 21, 2007

Não são precisas palavras, não são precisos quaisquer sons, para reconhecer a tristeza na alma de quem, pesadamente, a arrasta consigo, hora após hora, dia após dia. O olhar confessa tudo… o olhar vale pelos milhares de palavras que o mundo contém e, por isso, o silêncio, o teu profundo silêncio, basta para que possamos dialogar os três num mundo que não é este: eu, tu e as nossas almas.
Olho no fundo de ti e vejo-nos aos dois, duas figuras pouco nítidas, como se fossemos um esboço apenas, nada mais que um leve contorno passado com o lápis. Dás-me a mão e levas-me à beira-mar, em silêncio, sempre em silêncio. Se fechar os olhos, parece que ainda ouço o murmurejar das gaivotas atrás de nós, que sinto os pés molhados com as ondas que vêm beijar o longo areal, que saboreio o sabor a sal nos meus lábios, que procuro conforto na tua mão…
Olho no fundo do horizonte e vejo o fundo de ti, o fundo dos teus olhos a lançar a tristeza ao mar e o rasto das palavras que trocámos em silêncio.


Fica só o sentimento


Não sei o que dizer
As palavras desvanecem-se da minha boca
Quando penso em ti
Fica só aquilo que sinto
Sem palavras
Sem ruídos
Só o silêncio
Só o teu rosto
Só o sentimento…


(10-12-2006)

Medo

Medo…
Medo de te perder.
De me perder.
Outra vez.
Mas desta vez
Para sempre.

Medo…
Não o quero sentir.
Apago esta palavra.
Esqueço que ela existe.


(10-03-2007)

Tuesday, November 07, 2006

Parto...

Parto.
Parto sem olhar para trás,
Sem lamentar o que deixo.
Para onde vou?
Não importa.
O importante é partir,
Pois cedo ou tarde,
Algum dia, havemos de chegar ao nosso destino.
Por isso, parto,
Parto hoje,
Partirei amanhã
E voltarei a partir até me encontrar
Até te encontrar.

(27-10-2006)

Monday, October 23, 2006

A solidão ...

A solidão…
O que é a solidão?
Porque é que nos sentimos sós?
Far-nos-á bem ou mal?
Não sei.
Não posso responder a estas perguntas.
Não sei explicar o que é a solidão.
Sei apenas que a sinto dentro de mim,
Que a ouço chamar por mim no silêncio frio da noite.
Sei que ela me pode tocar e que eu posso tocar nela.
Porque é que a sinto?
Talvez porque ela faz parte de nós,
Da nossa vivência,
Do nosso mundo.
Talvez deva ser mesmo assim.
Talvez porque há momentos em que todos precisamos de estar sós.
A solidão…
O que é a solidão?
Não sei.
Mas também acho que não preciso de saber,
Basta senti-la como a sinto.

(19-10-2006
)

Saturday, October 07, 2006

Longe

Longe…
Muito longe…
Estou longe de tudo,
Tudo o que me viu nascer,
Tudo o que me viu crescer.
É difícil
(Mais do que difícil até)
Ser uma estranha numa terra que não é a nossa,
Acordar todos os dias e nada nos ser familiar,
Olhar para o mundo e não o reconhecer.
Sim, é difícil,
Mas também é possível ser feliz aqui…
Ou noutro lugar qualquer do mundo.
Basta querer.
Basta acreditar
.

(03-10-06)

Tuesday, September 05, 2006

Há palavras que são mágicas

Há palavras que são mágicas,
Do nada constroem um tudo,
De um grão de areia
Fazem um mundo.
Erguem sonhos,
Plantam sorrisos,
Descobrem sentidos,
Há palavras que são mesmo assim...
Puras, belas, mágicas.