Friday, September 21, 2007

Não são precisas palavras, não são precisos quaisquer sons, para reconhecer a tristeza na alma de quem, pesadamente, a arrasta consigo, hora após hora, dia após dia. O olhar confessa tudo… o olhar vale pelos milhares de palavras que o mundo contém e, por isso, o silêncio, o teu profundo silêncio, basta para que possamos dialogar os três num mundo que não é este: eu, tu e as nossas almas.
Olho no fundo de ti e vejo-nos aos dois, duas figuras pouco nítidas, como se fossemos um esboço apenas, nada mais que um leve contorno passado com o lápis. Dás-me a mão e levas-me à beira-mar, em silêncio, sempre em silêncio. Se fechar os olhos, parece que ainda ouço o murmurejar das gaivotas atrás de nós, que sinto os pés molhados com as ondas que vêm beijar o longo areal, que saboreio o sabor a sal nos meus lábios, que procuro conforto na tua mão…
Olho no fundo do horizonte e vejo o fundo de ti, o fundo dos teus olhos a lançar a tristeza ao mar e o rasto das palavras que trocámos em silêncio.


Fica só o sentimento


Não sei o que dizer
As palavras desvanecem-se da minha boca
Quando penso em ti
Fica só aquilo que sinto
Sem palavras
Sem ruídos
Só o silêncio
Só o teu rosto
Só o sentimento…


(10-12-2006)

Medo

Medo…
Medo de te perder.
De me perder.
Outra vez.
Mas desta vez
Para sempre.

Medo…
Não o quero sentir.
Apago esta palavra.
Esqueço que ela existe.


(10-03-2007)