Sunday, December 18, 2005

Uma sala, um palco, um mundo...

“- Percebi que é isto mesmo que eu quero!” – Disse-me o Carlos (Carlão para os amigos) numa manhã qualquer do frio mês de Dezembro. As suas palavras e a convicção que saltava do seu olhar fizeram-me andar no tempo e voltar ao primeiro dia do estágio em que dei uma aula.
Lembro-me de tudo como se tivesse acabado de acontecer. Na noite anterior quase não dormi. Os olhos estavam pesados e sonolentos, mas o coração batia acelerado e a alma teimava em não permanecer quieta. E foi, assim, que as vagarosas horas foram passando uma a uma até ao amanhecer. De manhã estava fresco, mas o sol brilhava num céu pintado de um azul forte. Estas sempre foram as minhas manhãs favoritas, mas a partir desse dia… essas manhãs tornaram-se ainda mais bonitas. Quando entrei na sala e todos aqueles rostos curiosos se voltaram para mim, percebi que aquele era e é o meu mundo… o palco onde sempre quis representar, onde sempre quis dar e receber e onde sempre achei que me realizaria. A verdade é que durante um ano – o ano de estágio – não me poderia sentir mais realizada.
Hoje, o meu palco, tal como tantos outros palcos espalhados por Portugal inteiro, tem as cortinas fechadas, contudo, acredito que, mais tarde ou mais cedo, uma brecha se abrirá e eu poderei de novo tornar-me actriz do mundo da língua e da literatura portuguesas.

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