Sunday, March 26, 2006

Da janela do meu quarto disse-te adeus para sempre

Da janela do meu quarto disse-te adeus para sempre…
Da janela do meu quarto desatei as amarras que ainda me prendiam a ti - um fragmento do meu passado, um pedaço da minha vida - e soltei-te como uma folha ao vento. Embora já tivesses partido há muito do meu mundo, fiquei a ver-te partir novamente. Mas, desta vez, de maneira diferente … O tempo ensinou-me que de cada vez que alguém parte da nossa vida, parte sempre de maneira diferente, nem que seja a mesma pessoa, nem que seja apenas uma recordação carinhosa dessa mesma pessoa. Naquela folha que, livre, corria para o horizonte ia uma lembrança de ti e, amarrada a ela, um sincero e último sorriso.
Da janela do meu quarto desatei todas as correntes que me fizeram ancorar a uma imagem que, por amizade, queria preservar intacta, mas o tempo tudo corrói e foi-te começando a corroer também. Nada fica incólume à sua passagem, tudo muda. Às vezes, é preciso lutar contra o tempo e contra a corrente para que as pessoas que partem tenham sempre um lugar no nosso coração, mas, no teu caso, não … É chegada a hora de te mandar novamente embora, de te pedir que, como uma folha ao vento, regresses àquela praia, longínqua no tempo, em que, descalços, corríamos à beira-mar e aí permaneças eternamente.
Da janela do meu quarto sorri-te pela última vez, acenei-te levemente e disse-te adeus para sempre…

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